A menos que você tenha passado o último mês em uma caverna ou em uma ilha deserta sem acesso à Internet, você sabe o que é, ou pelo menos ouviu falar sobre o ChatGPT, ferramenta da empresa Open AI capaz de gerar textos quase humanos (não se preocupe, este texto foi realmente escrito por um humano!).
O ChatGPT vem dominando as manchetes com a ameaça de acabar com empregos, profissões inteiras e até mesmo com a democracia. Algumas das acusações são fáceis de serem invalidadas, uma vez que a própria ferramenta já afirmou que (por enquanto) não é capaz de criar pensamentos novos, reproduzir emoções e experiências humanas em seu texto. Esses inclusive seriam indícios para que professores e editores identifiquem a presença ou a ausência do uso de IA em textos, apesar de já existirem ferramentas sendo pensadas para esse uso.
John Naughton, autor do livro “From Gutenberg to Zuckerberg: What You Really Need to Know About the Internet”, defende que temos uma tendência a superestimar o impacto de novas tecnologias de comunicação a curto prazo e que em breve o ChatGPT vai ser considerado uma mera ferramenta, um acessório assim como o Excel.
Independentemente do pânico de alguns, o ChatGPT vem movimentando bastante dinheiro. No final de janeiro a Microsoft confirmou novo investimento de US$ 10 bilhões na Open AI. Além disso, o anúncio de Jonah Peretti, CEO do BuzzFeed de que pretende usar o CHatGPT na criação de quizzes e outros conteúdos fez com que as ações da empresa disparassem.
Além de dinheiro, ele também está movimentando gigantes como o Google, que decidiu reconsiderar a aplicação de IA em seu buscador após rumores de que o Bing usaria o ChatGPT.
Longe de ser uma ameaça para o Direito, a Inteligência Artificial pode ser uma grande aliada, principalmente quando falamos de tarefas repetitivas. Vimos diversos exemplos do uso de IA durante a Fenalaw 2022.
O Projeto Simplificar 5.0: Legal Design e Inteligência Artificial Ampliando o Acesso à Justiça, foi homenageado na Categoria Juiz do 19º Prêmio Innovare do ano passado. O programa, criado pela juíza Aline Vieira Tomas, de Anápolis (GO), utiliza ferramentas de legal design e inteligência artificial para traduzir e facilitar a leitura de sentenças judiciais. A implantação do projeto resultou em uma redução do tempo médio de duração dos processos de 233 para 177 dias.
Ainda falando sobre modernização, o CNJ estabeleceu que tribunais com mais de 20% do acervo em formato físico devem finalizar o processo de digitalização até dezembro de 2024.
Esta é uma demanda já antiga dos profissionais do direito, que a pandemia de Covid-19 ajudou a acelerar. Junto com as audiências virtuais e o atendimento remoto, a digitalização de processos mostra uma tendência de aumento da tecnologia no Judiciário.
Os avanços tecnológicos são irreversíveis, ainda bem!