Entre robôs e dados: O mundo que nasceu da terceira e quarta Revolução Industrial

Dando continuidade à nossa série sobre as transformações industriais ao longo da história, este artigo se dedica a compreender dois momentos cruciais para o mundo contemporâneo: a Terceira e a Quarta Revolução Industrial. Ambas marcaram, de formas distintas, profundas mudanças nos modos de produção, no papel da tecnologia e na organização das relações de trabalho e consumo.

A Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução Técnico-Científica ou Revolução Digital, teve início na segunda metade do século XX, no período pós-Segunda Guerra Mundial.

Ao fim da guerra, o Japão encontrava-se devastado e com recursos extremamente escassos. Para enfrentar essa situação, o governo japonês lançou um pacote de medidas que incentivava a redução de desperdícios, com o objetivo de aproveitar ao máximo os poucos recursos disponíveis. Nesse contexto, a Toyota, sem condições de copiar o sistema de produção em massa da Ford, foi obrigada a inovar. A pressão por competitividade levou à criação do Sistema Toyota de Produção, também, conhecido como produção enxuta, ou Lean Manufacturing.

Esse sistema se baseia na ideia de minimizar desperdícios, eliminar perdas e evitar a produção de itens que não agregam valor ao produto final. Valoriza-se a qualidade desde o projeto do produto, o bom desempenho dos processos de manufatura, a produção puxada (de acordo com a demanda dos clientes), a padronização, a redução de estoques, a parceria entre fornecedor e produtor, a diminuição do ciclo de desenvolvimento de novos produtos e a automação inteligente.

A Quarta Revolução Industrial, por sua vez, não é uma simples evolução da anterior, ela representa uma mudança de paradigma. Com ela, surgem novos avanços tecnológicos em áreas como informática, telecomunicações e inteligência artificial, que transformam profundamente a maneira de trabalhar, armazenar dados e se comunicar.

Na chamada Indústria 4.0, a tecnologia redefine a experiência do cliente e se destaca pela incorporação de sistemas automatizados, conectividade em larga escala e o uso de tecnologias disruptivas, como inteligência artificial, big data e Internet das Coisas (IoT). Essa nova realidade se manifesta no contato cotidiano que as pessoas passaram a ter com soluções digitais em praticamente todas as áreas da vida.

Como toda revolução, a Quarta Revolução Industrial traz consigo um conjunto de vantagens e desafios, certezas e incertezas. Entre os benefícios mais evidentes estão o aumento da produtividade, a melhoria na eficiência e qualidade dos processos, o fortalecimento da segurança no trabalho (ao reduzir a presença humana em ambientes perigosos) e a possibilidade de decisões mais acertadas por meio de ferramentas baseadas em dados. Além disso, a personalização de produtos, moldados às necessidades dos consumidores, eleva significativamente a competitividade das empresas.

Por outro lado, os desafios também são relevantes. Especialistas apontam a velocidade acelerada das mudanças tecnológicas, os riscos crescentes de ataques cibernéticos, a alta dependência de sistemas digitais, a exclusão digital e a escassez de profissionais qualificados como os principais obstáculos a serem enfrentados. Nesse último ponto, destaca-se o impacto da Indústria 4.0 sobre o mercado de trabalho. Segundo relatório da McKinsey Global, estima-se que, até 2030, cerca de 800 milhões de empregos possam ser extintos pela automação. No entanto, esse cenário também abre portas: à medida que novas tecnologias emergem, surgem também novas profissões e com elas, milhões de oportunidades em setores inovadores.

Assim, Revoluções Industriais não apenas moldaram o passado, elas continuam moldando nosso presente e delineando o futuro. A Terceira e a Quarta Revolução Industrial representam marcos de virada, onde inovação, eficiência e tecnologia se tornam protagonistas em todos os setores da sociedade. Com isso, surgem novas exigências para empresas, governos e profissionais, que precisam adaptar-se rapidamente a contextos cada vez mais dinâmicos e incertos.

No próximo artigo da série, aprofundaremos os impactos dessas transformações, especialmente no que diz respeito à preparação das novas gerações para os desafios do século XXI. Aguardo vocês comigo!

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