“Uma boa gestão de contencioso precisa identificar e tratar a causa raiz dos processos”, declara Christianne Gomes

Uma boa gestão de contencioso envolve identificar as causas dos litígios, estruturar dados para decisões estratégicas, usar tecnologia para ganhar eficiência e equilibrar prevenção com inovação em um cenário altamente litigioso.

Nesta entrevista, Christianne Gomes, Diretora de Legal Ops do Queiroz Cavalcanti Advocacia, discute como empresas podem reduzir custos e riscos, evitar erros comuns e aproveitar a tecnologia — incluindo a inteligência artificial — para transformar o contencioso em uma área de aprendizado e vantagem competitiva.

1. Como uma boa gestão de contencioso pode reduzir custos e riscos para empresas de diferentes portes? 

Uma boa gestão de contencioso precisa identificar e tratar a causa raiz dos processos, analisando objetos, motivações e desfechos. Com isto, ser parceiro do negócio, atuando para corrigir e prevenir novos processos, ajustando, por exemplo, práticas comerciais, produtos ou serviços. A mesma análise de dados, com profundidade, permitirá revisar estratégias, linhas de defesa, fluxos, para aumento de êxito e redução de ticket médio, por exemplo. Ambos os trabalhos são contínuos, feitos para cada objeto, com disciplina e método. 

2. Quais são os principais erros que as empresas cometem ao lidar com seus processos judiciais e como evitá-los? 

Não estruturar seus dados, através de capturas inteligentes, possibilitando análises para tomada de decisão; não identificar rapidamente e tratar as causas raiz, corrigindo seu produto/serviço ou defendendo posicionamento/entendimento junto ao judiciário. Um processo judicial também pode ser visto como a última etapa do pós-venda, de manter e fidelizar um cliente que apresenta reclamação a depender da conduta que a empresa tomar no tratamento desta ação. 

3. De que forma a tecnologia tem transformado a forma de gerenciar o contencioso nos últimos anos? 

A tecnologia há anos é parte inseparável da gestão do contencioso, sendo ferramenta do trabalho ao lado da técnica jurídica e capacidade executiva das equipes. É usada não apenas para garantir agilidade, segurança e eficiência na execução de tarefas, como para permitir análise de dados para tomada de decisões. Há anos nosso escritório considera robôs e sistemas parte do time, recentemente incrementado por aproximadamente 200 agentes de IA. 

4. O acompanhamento estratégico de processos pode influenciar no desfecho das ações? Como isso funciona na prática? 

Certamente. O principal diferencial competitivo não é apenas entender as causas e estabelecer medidas de contenção/correção, mas capacidade de execução dessas medidas e o acompanhamento sistemático do plano definido. A execução de uma ação bem planejada é determinante para o desfecho com êxito. A alta performance é usualmente mais produzida pela capacidade de entrega do que por medidas inovadoras. 

5. Em quais situações vale a pena investir mais em prevenção para evitar que o problema se transforme em um processo judicial? 

É necessário sempre um equilíbrio. Em um país litigioso como o nosso, se preocupar excessivamente em produzir litígios poderá frear a inovação, assim como ganhar mercado. Por outro lado, a experiência judicial passada, sem dúvidas funciona como um norte de informação para que práticas comerciais devem ser evitadas. Por outro lado, processos que podem formar precedentes desfavoráveis, risco de imagem etc., devem ser tratados de forma absolutamente estratégicos para evitar que virem um fomento a novas demandas. 


Christianne Gomes é Diretora de Legal Ops do Queiroz Cavalcanti Advocacia. Formada em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco, com pós-graduação em Direito Civil e MBA em Gestão, Christianne possui vasto conhecimento do setor em mais de 20 anos de experiência profissional.   

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