Novos desafios para 2022 com uma dose de esperança e otimismo
Seiscentos e cinquenta e cinco dias de trabalho 100% em home office. Pelas minhas contas, este foi o número de dias trabalhados até o final de 2021 dentro da minha casa, na companhia do meu marido, dois filhos e um cachorro. Quando entramos no regime obrigatório de trabalho virtual, em março de 2020, lembro de contar nos dedos os tais 15 dias de quarentena. Não tinha ideia do que estava por vir, mas sabia que não seria fácil e me preparei, psicologicamente, para aguentar firme, como líder de recursos humanos, pois sabia que, diante do cenário, o meu maior compromisso seria cuidar das pessoas e buscar formas de olhar a situação com realismo, mas sem perder o otimismo.
A partir daí, além dos desafios impostos pela pandemia, também vieram os obstáculos com o trabalho remoto e as novas formas de nos relacionarmos no mundo virtual. E, de repente, o olho no olho, os almoços, os cafezinhos e a espontaneidade dos encontros deram lugar a um papel mais ativo das pessoas para que esta conexão se mantivesse viva, mesmo que virtualmente, para a sobrevivência de todos, sobretudo dos negócios. Para muitos, a tecnologia conectou ainda mais, fez as relações tomarem novo formato. Nunca passamos tanto tempo online e acho até que exageramos na dose diária. Se, de um lado, ganhamos em eficiência, pontualidade e quantidade de tarefas, por outro lado vieram a exaustão, os excessos e a busca desenfreada por propósito no trabalho. Num mundo pandêmico, doente e atarefado, tivemos de repensar a vida e, com isso, buscar equilíbrio como nunca havíamos refletido antes. Em meio a tanta turbulência, equilibrar esses dois pratinhos – pessoal e profissional – virou o grande mantra de 2021.
O trabalho foi duro, nos sobrecarregamos e nos adaptamos como pudemos ao que foi imposto. E agora, na estreia deste tão esperado ano em que a vida deve voltar (ao menos um pouco) “ao normal”, temos um desafio importante pela frente: achar o melhor dos dois mundos. Descobrimos coisas boas ao longo destes quase dois anos: como fazer melhor uso do universo digital, perder menos tempo no trânsito, comer melhor, curtir mais o lar e uma infinidade de coisas que vieram à tona. Mas também, voltar ao convívio de pessoas, almoços animados, uma conversa olho no olho num mundo mais concreto e, claro, sair um pouco de frente da tela será necessário. Precisamos voltar ao normal ou, pelo menos, aprender a lidar novamente com novas formas de se trabalhar.
Ainda não sabemos como será 2022. Se seremos melhores do que antes, eu prefiro acreditar que sim. Mas, uma coisa é certa: a nossa capacidade de adaptação e resiliência, que nos trouxe até aqui, também será o que nos levará adiante, mais uma vez. E, frente a tantas coisas aprendidas, tristezas, medos e superações, continuarei focando nas coisas boas que não quero deixar para trás, coisas que aprendi no convívio direto com o meu lar, meus filhos e marido, mas também deste mundo afora que tanto esperei para poder reviver e para estar perto das pessoas.
Neste ano, desejo que eu e você possamos desfrutar, cada vez melhor, do trabalho e da vida. Que 2022 seja um ano de recomeços, reencontros e que, na lista de desejos, não deixemos de colocar tudo aquilo que aprendemos e que deixamos, por ora, para trás. Que o novo ano venha com uma dose extra de autocuidado, responsabilidade e empatia dentro e fora das organizações.