Diversidade: integração x inclusão

Bem-vindos(as) ao espaço destinado a fazermos algumas reflexões sobre inclusão e diversidade. Quais comentários esperar de um tema que está diariamente nos webinários, reuniões de equipe, lives, telejornais etc.? Para não fugirmos da máxima “mais do mesmo”, nossos artigos terão como foco principal os erros e acertos das principais iniciativas e pesquisas sobre diversidade e inclusão. Nem sempre a teoria confirma a prática e nós iremos ver quando, onde e por quê.

Diversidade e inclusão têm sido objeto de desejo das maiores empresas do mundo. Do grupo de WhatsApp até o STF (Supremo Tribunal Federal), tem se falado, preocupado e buscado maneiras de fazer do sistema de justiça um ambiente mais diverso e inclusivo. É verdade que nem sempre foi assim, mas a história da diversidade e inclusão será tema de outras conversas.

Antes de iniciarmos qualquer reflexão mais qualificada precisamos que estejamos todos(as) no mesmo ponto, na mesma página, de preferência usando o mesmo dicionário gramatical.

Neste sentido nosso primeiro trabalho em conjunto será afinarmos três termos frequentemente usados nos espaços onde se buscam a inclusão:

Inserção – integração e inclusão

Inserção:  1. Modo como uma parte se une a outra, 3. Colocação; inclusão 4. Intercalação, interposição. (dicionário UNESP- 2011 – pg. 775)

Integrar: v11 fazer compor um todo, juntar, englobar, 2. Ser parte constitutiva de, pertencer. 3. Fazer participar de; fazer entrar como membro ou parte, incorporar. 4. Tornar-se parte constitutiva, incorporar-se. 5 interagir, 6torna-se inteiro, compor um todo. (dicionário UNESP –2011-  pg. 781)

Inclusão: 1. colocação como incluso, anexação, 2. colocação como incurso, enquadramento, 3. inserção, adição, (dicionário UNESP /2011– pg. 751)


É de suma importância trazermos estes conceitos porque, embora similares, apresentam funções díspares. Na prática são coisas bem distintas e, se nos propomos a trabalhar com diversidade e inclusão, temos que dominar suas epistemologias. Compreender em que momento estamos falando de diversidade, integração e quando estamos falamos de inclusão é o primeiro passo para o sucesso nesta empreitada.

De modo simples e objetivo, diversidade significa variedade, pluralidade, diferença, é a reunião de tudo aquilo que apresenta múltiplos aspectos e que se diferenciam entre si, ex.: diversidade cultural, diversidade biológica, diversidade étnica, linguística, religiosa etc.

Inclusão é o ato de incluir e acrescentar, ou seja, adicionar coisas ou pessoas em grupos e núcleos que antes não faziam parte. Socialmente, a inclusão representa um ato de igualidade entre os diferentes indivíduos que habitam determinada sociedade. Assim, esta ação permite que todos tenham o direito de integrar e participar das várias dimensões de seu ambiente, sem sofrer qualquer tipo de discriminação e preconceito.

Muitas empresas, instituições, organizações buscam a diversidade. O meio mais adequado para conseguirmos um ambiente diverso é pela inclusão; mas isso todos já sabem. O que talvez a maioria não saiba é que existe uma grande diferença entre incluir e integrar, é certo integrar é um modo fácil e rápido de se alcançar a diversidade; contudo para atingirmos o nível de excelência em que estão as principais organizações internacionais integrar não que é o bastante, é preciso incluir. Incluir é ir muito além da integração.

A integração implica, conceitualmente, na existência de uma separação ou segregação anterior. A parte dos profissionais da advocacia ou não que se encontram fora dos escritórios de advocacia ou grande bancas jurídicas devem ser integrados nestes espaços. Neste processo, o sistema permanece mais ou menos intacto, aqueles que se devem integrar têm a missão de se adaptar ao mesmo. A inclusão implica um sistema único para todos, o que significa desenvolver um currículo, ambientação, missão, visão e valores, os métodos utilizados, a infraestrutura e as estruturas organizacionais do escritório de modo a que se adaptem à diversidade da totalidade da população a ser incluída.

Iniciei este artigo descrevendo as diferenças de integração e inclusão porque muitas organizações e escritórios de advocacia estão fazendo integração e chamando de inclusão. Seus resultados podem ser positivos, mas jamais serão ótimos, estando muito aquém do que é necessário alcançar. Por estarem usando termos e métodos equivocados, se continuarem agindo assim estarão a reboque das principais empresas de sucesso em diversidade e inclusão.

Incluir exige um pouco mais de esforço, é preciso sair da zona de conforto e buscar um outro lugar que, via de regra, não será o mesmo para ambos. Somente assim as organizações colherão os benefícios sociais e financeiros da diversidade a cento por um.

Uma empresa que não valoriza a diversidade é uma empresa que não valoriza as pessoas, e isso é inadmissível.

Por fim, pensando nas práticas, anexo alguns exemplos do Reinaldo Bulgarelli sobre a efetiva inclusão.

Incluir é ação, é estar aberto ao encontro, para a mudança. É gesto concreto de inclusão de pessoas e das perspectivas que elas trazem consigo. Incluir é uma via de mão dupla: na direção do outro e de abertura para que o outro se achegue.
Incluir é atividade na qual todos se transformam. E sem que ninguém desapareça! Se alguém deixa de existir, o que acontece é um extermínio, e não inclusão. Se, para ser incluído, for necessário sumir com alguma característica essencial, não há inclusão verdadeira. Incluir é agir para que o outro exista, e não um movimento para tornar o outro semelhante a si ou o movimento de negar-se para que só o outro exista.
Desaparecer com o outro, com suas características e perspectivas, é gesto de colonizar, de invadir, de assediar, e não de incluir transformando-se e transformando o ambiente. Não se fica o mesmo quando se inclui.
Ninguém inclui o que é igual, o mesmo, mas o que é outro, o que é diferente de si, o que tem algo a acrescentar àquilo que se é, que se sabe, que se pode ou que se faz. Incluir é gesto que implica diferenciar-se e diferenciar para que haja um encontro verdadeiro de perspectivas, interesses, experiências, necessidades e contribuições singulares. (Reinaldo Bulgarelli – https://www.ethos.org.br/cedoc/inclusao-e-diversidade )

Feito esses ajustes de terminologias e apontados os erros mais comuns, aquelas instituições que tiverem a vontade genuína de incluir, ainda que encontre alguma dificuldade inicial no processo de inclusão, ou seja, em tornar a inclusão um elemento cotidiano das suas práticas, é certo que em um pequeno espaço de tempo essas mesmas instituições obterão sólidos e vultosos resultados.

Bibliografia

Eduardo Khater; Kelen Cristina Silva de Souza. DIVERSIDADE X INCLUSÃO: Conceito, teoria e prática na educação infantil –  Revista Educação em Foco – Edição nº 10 – Ano: 2018

DICIONÁRIO ON-LINE https://www.significados.com.br/diversidade/

DICIONÁRIO ON-LINE: https://www.significados.com.br/inclusao/

DIVULGAÇÃO DINÂMICA : Set 2019. https://www.divulgacaodinamica.pt/blog/diferencas-entre-integracao-e-inclusao/

Reinaldo Bulgarelli – https://www.ethos.org.br/cedoc/inclusao-e-diversidade/

Programa Diversidade | inclusão e integração: https://www.youtube.com/watch?v=eWIgi2i1Nlo

DICIONÁRIO UNESP – do português ao contemporâneo. Organização : Francisco S; Borba. / colaboradores: Beatriz Nunes de oliveira Longo, Maria Helena de Moura Neves, Maria Bortolotti Bazzoli, Sebastião Expedido Egnácio – Curitiba. Pia, 2011

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR DE: