Estabelecendo os rumos da Diversidade e Inclusão

Estamos iniciando mais um ano. É comum estarmos esperançosos para realizar metas e sonhos que não conseguimos realizar no ano que se passou e também muito ansiosos para as novidades que nos aguardam no decorrer do presente ano.

Antes de mais nada precisamos refletir sobre o que passou. É de fundamental importância sabermos onde estamos, pois somente assim poderemos planejar um futuro melhor.

O que sua empresa conseguiu conquistar e evoluir em matéria de diversidade e inclusão? Qual era o cenário anterior? Qual é o cenário atual? Quais os planos para o ano que se inicia?

No mínimo, precisamos dobrar o que fizemos até agora, mesmo que já se tenha feito muito. A população excluída vive a tanto tempo a margem da sociedade que não podemos esperar por muito mais tempo. As classes invisibilizadas precisam de inclusão agora. A fome não pode esperar.

Os últimos levantamentos do IBGE mostraram que 56% da população brasileira é constituída de pretos e pardos. Esta porcentagem está representada em seu escritório? Vale lembrar que além dos negros é preciso incluir no seu projeto as mulheres, mulheres negras, a população LGBTQIA+, as PcD, pessoas obesas, indígenas e outros grupos que historicamente sofrem exclusão social.

Em 2016 negros eram menos 01% nas grandes bancas de advocacia. Quanto isso mudou? Você faz parte desta mudança? Quanto seu escritório mudou? Estas e outras questões devem compor a pauta da primeira reunião do comitê de diversidade de inclusão do seu escritório ou empresa.

“Se você não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”, a célebre frase dita pelo Gato Cheshire à Alice, na clássica obra “Alice no País das Maravilhas” é um excelente ponto de partida para qualquer projeto. Desse modo, vamos estabelecer metas objetivas e alcançáveis. Dessarte não podemos ser tímidos demais e estabelecermos metas confortáveis e que não nos desafie a abrirmos novos horizontes. Nossas metas devem nos tirar da zona de conforto e assim cumprirem com seu papel.

A equipe deve ser chamada a participar ativamente e todos devem compreender que sempre é possível fazer melhor; que todos os dias precisamos nos forçar a ir além. O segredo dos vitoriosos é que eles estão sempre melhorando, nunca estão satisfeitos com o resultado de ontem. Todo dia é uma nova oportunidade de bater o próprio recorde.

Esta introdução parte do princípio de que existe um desejo genuíno de transformar a sociedade por meio de um dos melhores programas de transformação social que temos hoje: as cotas que, como falei em outros momentos, é um grupo que comporta diversos subgrupos e, um deles é a diversidade e inclusão.

Você tem toda liberdade para pensar em outras formas para promover a inclusão de grupos historicamente excluídos e assim tornarmos o mundo um pouco menos desigual. Contudo, preciso advertir que, por muitos anos pesquisadores negros e brancos se debruçaram sobre o tema e, até o momento, este foi o melhor que conseguiram. Com isso quero dizer que estejam abertos a pensar em outras possibilidades, mas não ignorem o empenho destes pesquisadores que muito se dedicaram para nos entregar esta ferramenta de múltiplos usos.

Faço esta advertência porque muitas jovens lideranças e experientes CEOs, encontrando dificuldades em defender a cota (diversidade e inclusão) em seus espaços de trabalho, tentam “reinventar a roda”. Nesta empreitada, se aventuram por caminhos perigosos e frágeis que colocam em risco a vida e a saúde mental de seres humanos já desenganados da vida.

Neste sentido é melhor sedimentar o bom e velho caminho das cotas e, paralelamente, fazermos alguns ensaios sobre novas formas de diminuirmos as desigualdades e promovermos a diversidade.

A busca da redução das desigualdades deve ser uma busca de todos nós (incluídos e excluídos). Pelos mais diversos motivos é preciso as grandes pequenas empresas e instituições se movimentem. Estamos chegando a uma situação insustentável. A vida humana corre graves riscos de extinção, senão olharmos para o lado percebermos que cabe muito mais gente nesta mesa: cabem mulheres, negros, LGBTQIA+, gordos, magros, indígenas, quilombolas, estrangeiros, pessoas com deficiência, mães solteiras, ex-presidiários, umbandistas, candomblecistas, corintianos, pobres, pessoas em situação de rua. “Todos vocês são importantes para nós”.

Por fim, iniciemos a nossa jornada com estas premissas básicas de um bom e velho “inclusificador” que jamais deixou de acreditar que “sempre é possível fazer mais e melhor”. Venham todos!

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