Realizar a gestão de um escritório de advocacia requer muito estudo e organização para coordenar prazos, demandas e auxiliar os clientes da melhor forma. É preciso, também, estar atento às inovações que a tecnologia oferece para otimizar as relações e os fluxos de trabalho. Com a incorporação da Inteligência Artificial (IA) nas ferramentas e processos jurídicos, têm-se observado novas possibilidades de gestão no setor jurídico.
Para abordar o tema, entrevistamos Ana Carolina Tissei Acosta, Coordenadora Jurídica e DPO da Aurum. Acosta é graduada em Direito pela UniFil e pós-graduada em Ciências Penais pela Universidade Estadual de Maringá. Desde 2017 trabalha com startups e empresas de tecnologia, agregando soluções jurídicas para negócios inovadores.
1. Por que um escritório de advocacia deve investir em softwares jurídicos?
Um software jurídico permite que o escritório foque nas atividades estratégicas, já que as tarefas operacionais são otimizadas por ele. Assim, os advogados podem entregar com mais qualidade o que realmente faz a diferença, como oferecer atendimento personalizado aos clientes, aprofundar o estudo e pesquisa dos casos, produzir peças processuais, fazer networking e contato com novos clientes, produzir conteúdo e construir sua autoridade no mercado. Investir em um software jurídico, no fundo, é investir no tempo e crescimento tanto do profissional quanto do escritório.
2. Como a tecnologia pode ajudar os escritórios a se adequarem à LGPD?
A tecnologia é um importante pilar no processo de adequação à LGPD. Os recursos tecnológicos do escritório também devem ser adequados e protegidos, já que grande parte dos dados pessoais são tratados em meio digital. Por isso, é essencial adotar medidas de segurança, como troca periódica das senhas, controles de acesso, antivírus, a fim de resguardar os dados pessoais e evitar incidentes de segurança.
A tecnologia também pode ajudar o escritório a se manter adequado à LGPD através de ferramentas de gestão dos dados e documentos, que podem ajudar o escritório a centralizar as informações e realizar o controle de acesso dos mesmos. Assim, o escritório ganha mais agilidade e organização, permitindo ainda que os direitos dos titulares sejam respeitados e atendidos prontamente.
3. Quais as principais tendências de mercado para gestores e advogados?
A digitalização da prática jurídica, não só dos escritórios e departamentos jurídicos, mas também do próprio judiciário que avançou a passos largos no contexto pandêmico. Com isso, as principais tendências giram em torno da inovação e tecnologia no mercado jurídico.
- Automação da rotina jurídica (como gestão de processos, prazos e workflow de contratos) gestão voltada para os dados com o uso de ferramentas de Business Intelligence e legal operation;
- Aplicação do visual law e de legal design;
- Ferramentas de captura de provas em meios digitais;
- Transformação de dados em insights através de jurimetria.
Esses são exemplos de tendências em alta para gestores e profissionais do direito.
4. Quais os desafios de implementar a inteligência artificial no setor jurídico?
A capacitação de pessoas para utilização da IA surge como um desafio pois o uso da inteligência artificial sem um acompanhamento humano pode resultar em erros ou problemas. Além disso, a estruturação ou reestruturação de processos internos para se adaptarem ao novo contexto. Um outro desafio que vem sendo bem repercutido é o de regulamentação e questões legais dessa atuação, além da própria privacidade e segurança dos dados.
5. Com a digitalização dos processos e otimização das tarefas, qual o futuro da advocacia?
O futuro da advocacia é, sem dúvidas, digital, otimizado e automatizado para que o advogado possa focar nas tarefas estratégicas que precisam da atuação cuidadosa de um profissional. O futuro da advocacia também deve proporcionar mais qualidade de vida, no sentido de desafogar os advogados e advogadas das tarefas operacionais, que muitas vezes demandam tempo e esforço e acabam sobrecarregando a rotina profissional.
