Retomada com cautela e foco nas pessoas

Por Simone Dias Musa
Advogada, ciclista, mãe da Madu, da Manu e da Gabi, sócia e integrante do Comitê Executivo do Trench Rossi Watanabe

Desde que a pandemia de Covid-19 se instalou, nos perguntamos como ficaria o mundo quando tudo isso passasse. Nesse momento em que estamos todos voltando à rotina, as empresas seguem com os protocolos de segurança enquanto planejam o modelo de trabalho a ser adotado, pois é muito importante que as pessoas estejam em primeiro lugar. Elas devem se sentir acolhidas, seguras e ter seus anseios levados em consideração. Uma pesquisa do Boston Consulting Group revelou que 89% dos entrevistados desejam a flexibilidade de um modelo híbrido, com dois ou três dias por semana trabalhando de casa.

Devemos tomar esses ensejos como ponto de partida para desenhar o que será o futuro de nossos modelos corporativos. Desde o início da pandemia, empresas de todos os setores, e os escritórios de advocacia em particular, perceberam que é perfeitamente possível exercer suas atividades e negócios remotamente. Após quase dois anos de distanciamento, as tecnologias foram aprimoradas e devidamente implantadas para atender às necessidades do dia a dia da profissão.

Além disso, ao longo do caminho, diversas estratégias foram lançadas para seguir proporcionando bem-estar aos colaboradores. No Trench Rossi Watanabe, escritório onde atuo como sócia da área Tributária e integro o Comitê Administrativo, realizamos diversas ações online com o propósito de levar às nossas pessoas informação de qualidade relacionadas à saúde e alimentação, além de oferecer momentos de relaxamento, atividade corporal e mindfulness. Também não descuidamos de outros temas que, a princípio, não têm a ver com o coronavírus, como os cuidados com a vida financeira, atenção na gravidez e nos primeiros meses do bebê.

Ainda criamos o Café Trench, um momento para conversas leves e descontraídas entre os colaboradores, e promovemos uma campanha de vacinação contra a gripe, em que os nossos times puderam escolher o melhor dia e horário para receberem a vacina em casa. Nessa ação, tivemos impressionantes 95% de adesão.

Voltando ao retorno gradativo das atividades presenciais, acredito que esse seja o momento de convencer nossos colaboradores de que o retorno vai ser bom. Me diverti muito com um vídeo que viralizou nas redes sociais semanas atrás em que os filhos encorajam os pais a voltarem aos escritórios com palavras como “você verá seus amigos novamente” ou “tome um biscoito” e a “tia” promete um dia bem divertido, com elaboração de planilhas e reuniões sobre os resultados do trimestre.

Brincadeiras à parte, fato é que o retorno precisa ser encaminhado pelas empresas não como prêmio ou punição, mas como uma maneira de tornar o trabalho mais produtivo. Trabalhar de casa é bom, nos poupa um tempo precioso no que se refere à mobilidade, sem contar a flexibilidade de encaixar outras atividades na agenda do dia, como cuidar dos pets ou receber um serviço técnico sem a necessidade de pleitear um dia de folga para isso.

Aos dias reservados ao trabalho presencial, além do importante contato mais próximo com os colegas, é possível tornar a agenda mais produtiva em relação a algum projeto específico ou aproveitar para estreitar o relacionamento com um cliente. Esse pode ser um momento também de fortalecer a conexão com a cultura da empresa, muito importante principalmente para quem está em início de carreira. Os jovens profissionais terão a oportunidade de desenvolver com seus líderes habilidades comportamentais valorosas e que ficariam limitadas em uma rotina completamente remota. A postura adequada em reuniões, a leitura da linguagem corporal e como se comunicar com clientes e gestores, especialmente em momentos desafiadores, são mais facilmente ensinadas e absorvidas nas interações pessoais.    

É importante pontuar também que trabalhar de casa, simplesmente, não é sinônimo de qualidade de vida. É preciso ter organização, planejamento do tempo e um local adequado que nos permita a concentração necessária nos momentos que sabemos serem críticos para entregarmos as melhores recomendações aos nossos clientes.

Nós, os líderes empresariais, temos nas mãos o poder de moldar um futuro melhor para essa e as próximas gerações, ao passo que nossas escolhas e ações de hoje refletirão no longo prazo e determinarão o futuro da sociedade. Uma agenda de transformação centrada nas pessoas será um diferencial-chave de sucesso nesse período de recuperação e na realidade pós-Covid-19.

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