Nesta década, grandes transformações nas relações de trabalho já podem ser observadas na esteira das mudanças advindas com as novas tecnologias. Unidas a outros fatores igualmente relevantes, colocam em xeque o tradicional formato de ocupação em horário comercial, dentro do escritório, por anos a fio.
A saúde é um dos principais elementos que, em conjunto com o mundo digital, contribuem para as modificações. O aumento de casos de transtornos mentais ligados direta ou indiretamente ao trabalho teve como agravante a pandemia do novo coronavírus. Veja abaixo alguns agentes de transformação que já estão impondo desafios – mas também benefícios – ao universo laboral:
Mudanças comportamentais
A nova geração de trabalhadores (millennials ou geração Z) é conhecida por não apreciar o modelo laboral mais conservador, buscando flexibilidade. Os novos perfis também usam as redes sociais como ferramentas naturais de trabalho e popularizaram a figura do influenciador digital, ou influencer. Por consequência dessas alterações de comportamento, atualmente as empresas buscam candidatos com soft skills (competências e habilidades mais voltadas à interação pessoal).
Novos modelos de organização
Com a flexibilização das relações corporativas, o organograma mudou e o papel clássico do chefe tem sido substituído, dando lugar à hierarquização horizontal, em que toda a equipe pode participar ativamente das ações, assumindo responsabilidades, ônus e bônus. Dentro dos novos modelos encaixa-se, ainda, o teletrabalho (também chamado de trabalho remoto ou home office), especialmente após a pandemia. Além disso, deve ser citada a redução das horas semanais de expediente, uma tendência que tem sido debatida em todo o mundo.
Precarização
Esse talvez seja o lado mais perverso das mudanças corporativas. As atuais alterações sociais, políticas e econômicas colocaram em risco o tradicional modelo “CLT” – ou seja, o emprego formal. Também conhecida por “pejotização”, a precarização dos empregos não está restrita ao Brasil e diminuiu muitos direitos dos trabalhadores ao longo dos últimos anos. Por vezes é apresentada como benéfica. Um exemplo é a popularização do título “empreendedor”, que nem sempre representa algo positivo para quem o detém.
Responsabilidade social
As necessidades urgentes da sociedade se expressam nas empresas por um investimento crescente nas áreas compreendidas pelo conceito ESG (Environmental, Social and Governance), ou seja, meio ambiente, social e governança corporativa. Companhias que desprezam ações ambientais e de compliance já saem em desvantagem entre parceiros, clientes e stakeholders. Os departamentos de recursos humanos, por sua vez, buscam cada vez mais a diversidade e a inclusão para seus quadros.
Saúde
Se, a não muito tempo atrás, o assédio moral e sexual era visto como algo comum dentro dos escritórios, hoje não é mais admitido no mundo corporativo. Porém, essa prática, aliada à exploração, condições desfavoráveis e jornadas extenuantes, deixaram uma herança extremamente negativa para o ambiente de trabalho, culminando em casos de transtornos mentais e burnout (síndrome que sinaliza esgotamento). Assim, muitos profissionais atualmente priorizam sua saúde mental e, por vezes, abrem mão de salários maiores ou cargos de prestígio em favor de sua qualidade de vida.
Sempre ela, a tecnologia
Para além das ferramentas que facilitaram as tarefas de diversas áreas profissionais, a tecnologia transformou o universo profissional em todos os âmbitos, desde os programas de recrutamento, formação e treinamento (mais imersivos e interativos) até as novas modalidades de atuação, como o nomadismo digital. E ainda há muito por vir, já que as novas tecnologias conferem mudanças diárias no mundo do trabalho.