A presença e influência das novas tecnologias nos negócios cresce a cada dia, mudando a forma como as empresas operam e competem no mercado, o que tem tornado o assunto “ética digital” pauta permanente em reuniões estratégicas de muitas empresas.
Em linhas gerais, é possível definir a ética como a reflexão crítica sobre o que é certo e o que é errado, assim como sobre os princípios e normas capazes de nortear atitudes em diferentes contextos e situações, independentemente se dentro ou fora do ambiente digital.
Nesse sentido, por comportamento ético no uso da tecnologia ou ética digital, compreende-se o cuidado e o respeito, por exemplo, à privacidade, segurança de dados, acessibilidade e até mesmo ao compromisso com a sociedade ou à responsabilidade social.
Mas qual a importância da ética digital nos negócios e como as empresas podem implementar boas práticas no uso das novas tecnologias?
A privacidade é uma das principais preocupações em relação à ética digital no mundo corporativo. Sabemos que dados pessoais são importantes, seja para potencializar ações de marketing, seja para desenvolver novos produtos e serviços, personalizá-los e, com isso, melhorar a experiência de clientes, fornecendo informações valiosas sobre suas preferências, comportamentos de compra e histórico de transações. Também são relevantes para identificar tendências de mercado, analisar o desempenho de seus produtos, avaliar a concorrência e até mesmo para a tomada de decisões estratégicas.
Justamente, em razão do valor que os dados pessoais representam é que precisam ser tratados de forma ética, justa, transparente, responsável e sempre em conformidade com as legislações aplicáveis.
Sob essa perspectiva, é preciso que empresas dediquem seus melhores esforços para implementar robustos processos de segurança de dados para protegê-los contra violações, acessos indevidos e outras ameaças, o que inclui, mas não se limita a: atualização de seus sistemas e adoção de outros eventualmente necessários; elaboração de políticas de privacidade e segurança; adoção de novos e mais exigentes critérios para a escolha de fornecedores, prestadores de serviços e parceiros de negócios; e, claro, constância em iniciativas de capacitação, desenvolvimento, atualização e conscientização de seus colaboradores.
Outra questão importante é a acessibilidade. A tecnologia deve ser acessível a todas as pessoas, independentemente de suas limitações físicas ou cognitivas. Isso envolve a eliminação de barreiras que impeçam ou dificultem o acesso a informações e serviços on-line, tornando-os acessíveis a todos. Exemplos de práticas para garantir a acessibilidade incluem uso de legendas em vídeos, uso de teclas de atalho para execução de tarefas comuns, compatibilidade com leitores de tela, uso de fontes de fácil leitura e ajustáveis, opções de contraste e voz para o texto, tornando, assim, o ambiente de trabalho ainda mais inclusivo e produtivo.
A responsabilidade social também é uma parte importante da ética digital nos negócios, a começar por considerar os impactos de suas atividades para a sociedade, assim como seu papel para o direcionamento do uso saudável, consciente e responsável das novas tecnologias da informação e comunicação.
Mas tão importante quanto garantir que seus colaboradores adotem boas práticas em suas interações no ambiente digital — o que pode ser feito por meio de políticas internas, diretrizes e códigos de conduta, além, é claro, de ações direcionadas de conscientização — é difundir, para além da empresa e daqueles que dela fazem parte, informações, conhecimento e orientações necessárias para que das novas tecnologias tirem o melhor e o mais seguro proveito.
Iniciativas como essa, além de contribuir para o maior engajamento de funcionários e, com isso, mitigar uma série de riscos de crimes e ilícitos cibernéticos, influenciam positivamente na reputação e imagem da empresa perante a sociedade e seus próprios clientes, colocando-a em posição de destaque no mercado em que atua, além de aumentar a confiança de investidores que valorizam a responsabilidade social.
Enfim, quanto mais se conhecem as implicações éticas do uso da tecnologia, mais assertivas as estratégias sobre como melhor aplicá-las ao negócio, potencializando suas oportunidades e mitigando os riscos que o mau uso pode gerar.
Abaixo estão algumas dicas sobre como empresas podem promover a ética digital em suas atividades:
- Tenha uma política de privacidade clara e atualizada
- Mantenha dados pessoais seguros
- Priorize a transparência
- Respeite a diversidade e a inclusão
- Mantenha em agenda permanente iniciativas de atualização, capacitação e conscientização de colaboradores
- Dissemine boas práticas no uso das novas tecnologias para além da empresa
- Invista no desenvolvimento pessoal e profissional de colaboradores
*Alessandra Borelli, sócia do Opice Blum, Bruno e Vainzof Advogados, head da área de Educação e Capacitação em Ética, Direito Digital e Proteção de Dados e CEO da Opice Blum Academy.
Fontes
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm