Entrevistamos Matheus Zanon, Enterprise Sales Leader do Jusbrasil, sobre uso de dados e como torná-los acessíveis para cidadãos não formados em Direito. Além disso, conversamos sobre ações de diversidade e inclusão adotadas pelo Jusbrasil em políticas internas e na contratação de novos talentos. Confira a entrevista completa a seguir!
1. Quais são as principais fontes de dados jurídicas utilizadas para coletar e organizar as informações disponíveis na plataforma?
O Jusbrasil reúne e organiza informações jurídicas públicas, disponibilizadas nos mais 90 sistemas dos Tribunais de todo o país, como Tribunais da Justiça Estadual, Tribunais Superiores, Tribunais do Trabalho, Diários Oficiais do Judiciário, do Executivo e do Legislativo, entre outras fontes oficiais.
2. Como é realizada a organização das informações jurídicas para garantir que advogados e cidadãos tenham acesso a dados sempre atualizados e relevantes?
Imagine ter acesso a milhões de documentos jurídicos públicos, como se fossem livros de uma biblioteca gigantesca, todos organizados e à sua disposição. É isso que o Jusbrasil faz. O maior desafio do Jusbrasil é coletar milhões de documentos para estruturá-los e organizá-los de uma forma que fiquem acessíveis aos usuários. Temos uma rotina de coleta diária, com tecnologia avançada e conduzida por um time de especialistas em desenvolvimento e Direito.
Nossa equipe de especialistas em tecnologia trabalha incansavelmente para coletar, estruturar e classificar informações jurídicas de diversas fontes, permitindo que os usuários encontrem rapidamente o que precisam para tomar as melhores decisões. No Jusbrasil, é possível fazer buscas por Jurisprudência, Doutrinas Jurídicas, Legislação, Diários Oficiais e Processos.
3. Como o Jusbrasil assegura a acessibilidade e a clareza das informações jurídicas para pessoas sem formação na área do Direito?
Nosso principal objetivo é ser a fonte confiável e democratizar a informação jurídica. Para isso, reunimos dados de mais de diversas fontes públicas em um único lugar e os apresentamos em uma linguagem mais acessível, tornando as informações mais coesas e compreensíveis. Também disponibilizamos textos explicativos em nosso site, que ajudam a contextualizar as informações. Por exemplo, quando um usuário realiza uma consulta processual por nome, oferecemos um texto explicativo que aborda questões comuns, como a possibilidade de homônimos e esclarecemos que a simples menção a um nome não implica em autoria de qualquer delito, afinal, participar de um processo é acessar a justiça.
Além disso, implementamos uma funcionalidade baseada em inteligência artificial generativa que fornece resumos das fases processuais em uma linguagem mais simples e clara. Isso traduz o “juridiquês” para uma linguagem acessível, permitindo que os usuários compreendam o contexto e as implicações dos dados sem necessidade de conhecimentos jurídicos aprofundados.
Temos ainda um espaço para artigos, onde profissionais do Direito escrevem sobre temas que se relacionam com a vida das pessoas e contribuem para tirar dúvidas dos nossos usuários, de forma gratuita. Por exemplo, ao pesquisar na comunidade de artigos do Jusbrasil sobre “o que fazer em caso de atraso de vôos”, o usuário vai encontrar uma série de conteúdos orientativos que servirão como base para sua tomada de decisão e organização de pensamento antes de procurar uma pessoa advogada para auxiliá-lo numa eventual necessidade de entrar com um processo. Acreditamos que compartilhando informação de valor, com qualidade e confiança, estamos contribuindo para democratizar o acesso à justiça no Brasil.
4. Falando em diversidade, como o Jusbrasil integra as discussões e aprendizados dos grupos de afinidade (Afrojus, Juspride, Jusinclusive, Justmulheres) em suas políticas internas e ações de inclusão?
O Jusbrasil acredita que o pertencimento é a base para um ambiente inclusivo, por isso, se compromete com a criação de espaços que aproximem os colaboradores a esse sentimento por meio de grupos de afinidade, por exemplo. A partir dos anseios trazidos pelos grupos e sugestões de temáticas a serem debatidas, melhoramos a comunicação interna privilegiando a linguagem neutra, para que todas as pessoas se sentissem incluídas. Também criamos um Guia de Acessibilidade para tornarmos o nosso dia a dia do trabalho mais inclusivo e realizamos talks com personalidades importantíssimas para o combate ao racismo estrutural, como a Drª Bárbara Carine e a Promotora do Estado da Bahia, Lívia Santana Vaz. Tudo isso foi colocado para toda a empresa, o que refletiu nas mais diversas ações ao longo dos anos, como rodadas de conversa, materiais de letramento e contratação de mais pessoas dos grupos sub-representados. Esses assuntos podem ser revisitados de forma prática em nossos hubs de conteúdos internos, JusWiki e Jusflix. Por lá, disponibilizamos um espaço dedicado à Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento.
5. Como garantir práticas de contratação e promoção mais inclusivas e livres de preconceito? Como outras empresas podem se inspirar?
Para garantir práticas de contratação e promoção mais inclusivas e livres de preconceito, é necessário adotar uma abordagem estratégica e consciente que abranja mudanças em processos, cultura e políticas organizacionais.
Aqui no Jusbrasil, reavaliamos o processo de recrutamento e seleção, fomentamos a intencionalidade na busca e atração de pessoas de grupos sub-representados, fortalecemos parcerias estratégicas com comunidades que atendem a esses grupos e destacamos temas relevantes com parcerias externas de impacto socioeconômico.
Além disso, disponibilizamos internamente um Guia Prático de DE&I e Pílulas do Conhecimento com conteúdos de diversidade, para que todas as pessoas da empresa se apropriem da temática, entendam os conceitos e, consequentemente, avaliem seus comportamentos.
Nós nos comprometemos em ter a demografia brasileira do IBGE representada e tivemos grandes avanços no último ano.
- Aumentamos o número de mulheres no Jusbrasil, passando de 43,5% em dez/2022 para 49,7% em dez/2023.
- Aumentamos o número de mulheres em posições de tecnologia, produto e design, passando de 25,8% em dez/2022 para 35,0% em dez/2023;
- Mantivemos ao longo do ano de 2023 o patamar de aproximadamente 30% de mulheres em posições de liderança³ e 41% de mulheres autodeclaradas negras no Jusbrasil, visando tornar essa proporção cada vez mais expressiva.
³ Consideramos posições de liderança como os cargos que efetivamente possuem liderados, nos níveis de: Coordenação, Gerência, Diretoria, Vice-Presidência e C-level

Matheus Zanon
Enterprise Sales Leader, Bacharel em Administração e MBA em Gestão de Projetos, com mais de 15 anos de experiência em vendas corporativas.