O E-ESG 2025 Demanda Diversos Ajustes Nas Organizações

O universo corporativo é extremamente dinâmico, e todos conhecem as diversas e constantes “reorganizações” pelas quais costumam passar as organizações ao longo do tempo. Essa realidade, naturalmente, afeta também a pauta da sustentabilidade, e por consequência o E-ESG.

Vivemos um período de conscientização extremamente importante nos últimos tempos, nacional e internacionalmente, com muitos avanços para a sociedade em geral e para as próprias empresas.

E muito foi conquistado em termos de visibilidade e de valorização da “pauta E-ESG” nas empresas, com grande aumento da consciência ambiental e social, mas também nesse contexto/conceito precisa haver evolução, negociação e ajustes; como praticamente sempre ocorre “em tudo” no mundo corporativo.

A despeito dos avanços e da maior consciência, bem como de “importantes conquistas regulatórias” (nacionais e internacionais), atualmente, o tema vem sofrendo (como quase todos nós) efeitos de questões econômicas, políticas, partidárias, ideológicas, e tantas outras; e é natural que todos pensemos em ajustes – no conceito, nos pilares, e nas organizações.

Embora as questões “de base”, que congregam os principais pilares do tema, com os pontos econômico, governança corporativa, meio ambiente, e toda a situação social e dos direitos humanos (incluindo, obviamente, o respeito, a dignidade, a diversidade e a inclusão), não sejam novas (e muitas delas “sempre” existiram), é inegável que (principalmente ao longo dos últimos 10 anos) tomaram “outra dimensão” – passando a “dominar” (em alguns casos) desde reuniões, seminários e cursos, aos noticiários, e até mesmo reuniões familiares ou de amigos. Chegamos a um “ponto” em que “todo mundo tem a sua visão do assunto”.

Quem se lembrar (e tiver até acompanhado) de iniciativas como a Eco-92 (no Rio de Janeiro), Pacto Global, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), as primeiras “COPs”, e as diversas questões sociais e de respeito aos Direito Humanos desde a “Segunda Guerra Mundial”, bem como a luta contra a corrupção e as melhorias propostas pela governança corporativa e o “compliance”, sabe que são temas e pautas tão importantes quanto já tradicionais, e que não podem ser esquecidos.

Denominamos essa “conscientização” geral de amadurecimento, tanto nas organizações quanto na sociedade em geral, e em todas as pessoas, pois em que pese “cada pessoa/organização” ter a sua visão e a sua opinião, há alguns anos, era necessário que o “assunto geral” passasse a ser realmente estudado, discutido e de alguma maneira equacionado – pois não se pode mais “fazer de conta” que a sustentabilidade (ou a falta dela) não é importante. O tema geral precisa ser realmente “encarado com seriedade”; e o foi!

Essa evolução, tanto corporativa quanto social, foi e é importante, além de necessária e positiva, pois apesar dos “avanços” terem ocorrido apenas em algumas questões, e de tantas outras sequer terem sido de fato equacionadas, “agora”, todos sabem o que é E-ESG (e todo o conceito da sustentabilidade empresarial plena); e de alguma forma já não se pode negar a sua existência e a sua importância. O tema “entrou no radar” geral, e dele não mais sairá!!.

O que vem “mudando” mais recentemente, e que merece a atenção geral (além de ajustes), é que em grande medida o tema “ganhou” aspectos ideológicos, políticos, e até partidários, no Brasil, e no exterior – o que não deveria ter ocorrido, mas que não se pode evitar. E temos que reconhecer essa realidade.

Como resultado dessa situação, surgiu uma grande “polarização geral” sobre o tema, e é muito raro haver neutralidade (em qualquer questão, situação, tema ou cenário); uma vez que se alguns reconhecem as questões de base e buscam se adaptar e adequar para corrigir/evoluir, para ao menos começar a lidar corretamente com elas (ainda que em muitos casos de forma escalonada), tantos outros ou negam a sua importância, ou a desqualificam – e alguns até a atacam.

Como o mote central é uma questão de valores, de propósito, de consciência e de responsabilidade, e, portanto, “individual’, além de “optativo/facultativo”, é legítimo que as pessoas e as organizações tenham a sua própria visão e posição; e que escolham o caminho que preferirem, de forma que o efetivo papel “de cada um” nos movimentos empresariais é bastante diverso. E cada vez mais serão “testados” a força e o impacto dos investimentos conscientes.

O movimento pela sustentabilidade corporativa plena vem rediscutindo, também, o papel do Estado, assim como o das legislações e das “diretrizes”, das agências reguladoras e assim por diante, pois, em grande medida, algumas questões de fato “se misturam”, e geram, inclusive, embates governamentais – por vezes internacionais. O mundo e a “sociedade” são únicos, mas a forma de cada um identificar o seu papel no tema central varia muito.

E “tudo isso” tem consequências, pois assim como o combate, ou a flexibilização da questão da corrupção, afeta a força e a robustez de temas como a integridade e o próprio “compliance” e da governança corporativa nas organizações, as diversas posições e ações de “governos” e/ou de “Poderes nos países”, afetam a maneira como se lida (ou não) com o mundo – e com a sustentabilidade. Além de, naturalmente, impactar, também, investimentos, posturas e planejamentos, e organizações.

Vivemos, atualmente, um momento de muita “tensão e ebulição”, nacional e internacionalmente, que gera um enorme “ponto de interrogação” sobre o que governos/países, blocos econômicos e organizações farão, doravante, com relação aos temas sociais e ambientais – inclusive por razões ideológicas e econômicas.

Se de um lado há quem de fato tenha se conscientizado e adotado essa visão corporativa como estratégia firme, sem que seja afetado pelos “ventos políticos”, certamente há quem, de outro lado, esteja aproveitando para descontinuar (ou até atacar) esses temas/programas.

Temos que trabalhar pela união de esforços, e pela “pacificação do tema”, reforçando a questão da conscientização do ganho econômico que se quer fortalecer, pois as “brigas” não ajudarão a ninguém.

Sabemos que boa parte do assunto, nacional e internacionalmente, agora é “bandeira de governo”, afetará a economia mundial, passará a ser “cíclico/pendular”, e acompanhará “os ventos” de partidos, linhas ideológicas, programas de governos, e pressões de toda “sorte’, local e mundialmente, mas que haverá também (como de fato há) quem tenha entendido de fato que a sustentabilidade precisa ser construída (e fomentada, com responsabilidade) – e que a própria sobrevivência de organizações, de grupos pequenos ou grandes de exemplares da fauna e da flora, e mesmo da própria espécie humana precisa ser equacionada com seriedade (e não pode “seguir os ventos” do momento).

Talvez ainda seja “cedo” para sabermos se a pacificação será possível, e se uma efetiva postura “central” será construída, pelo bem de todos, mas também das empresas, sob pena de perdemos “gerações” de pessoas em toda parte.

A grande questão atual nesse cenário é o que farão as empresas (no nosso caso as que aqui atuam), nesse contexto e nessa “disputa” ideológica, ou seja, “para onde” serão direcionados investimentos e esforços, e o que se deve vivenciar nesse tema nos próximos anos.

Alguns exemplos dessa “confusão global atual” são mais impactantes, inclusive por conta da força e do poderio (econômico, mas também de outros aspectos), de cada país ou bloco econômico, e se não nos devem desanimar, precisam ser (de toda forma) considerados e melhor entendidos.

Movimentos em diversos países, em decorrência de eleições presidenciais recentes ao redor do “globo”, que têm gerado “reviravoltas” por vezes “impensáveis”, afetam planos governamentais e empresariais, políticas públicas e instrumentos de fomento, investimentos, pessoas, grupos, organizações e até nações; e precisam nos levar a refletir (e na sequência agir) com muito cuidado, pois não podem ser ignorados.

Defendemos que todas as pessoas e todas as organizações precisem “agora” avaliar como de fato se posicionarão com relação ao tema, e com isso definir conforme seus valores e propósitos o caminho a ser seguido em cada caso.

Por mais que as empresas estejam acostumadas à dinâmica de seus mercados e atividades, e às “mudanças de ventos e de desafios”, todas precisam de alguma previsibilidade, para ajustar suas estratégias, planejamentos, ações e investimentos ao longo do tempo. E “viradas radicais” costumam afetar negativamente essas questões.

Questões como segurança jurídica, Risco Brasil, arcabouços regulatórios e aspectos econômicos e fiscais são fundamentais no universo corporativo pelas mesmas razões, pois todos precisam “conhecer as regras do jogo” – para se posicionar, organizar e atuar.

Como o conceito E-ESG é primordialmente voluntário/optativo, e não decorre de legislação (e, portanto, de obrigações legais), grande parte da força do tema está nos investidores, na sociedade, nos clientes/consumidores, nas cadeias de valor, e nos trabalhadores, e essa “força” está sendo colocada à prova.

Esperamos que as organizações que não “compraram” o aspecto positivo e necessário da pauta, e que o veem, apenas como ideologias, custos e burocracias, infelizmente tendam a não implementar ou até a abandonar iniciativas e programas de integridade e sustentabilidade – por vezes até aproveitando os mencionados movimentos “políticos e partidários” para tentar justificar suas decisões. E, que todas as demais mantenham sua consciência, responsabilidade, estratégia e postura.

Essa realidade que infelizmente impactará algumas organizações que agora “negarão do E-ESG”, não pode ser negada, e realmente há exemplos de organizações que estão “enfraquecendo” ou até “desmobilizando” programas e iniciativas, tanto de governança corporativa, quanto de “compliance” e de sustentabilidade; local e internacionalmente.

Reiteramos, porém, que felizmente não são, e não serão, todas (as que se voltarão contra o movimento aqui defendido), pois muitas perceberam a importância e as vantagens “inclusive econômicas”, de contarem com essas ferramentas e programas em seus propósitos fundamentais; e seguirão com a estratégia que de fato lhes ajude a melhorar, a evoluir e a crescer (ganhando, portanto, mais dinheiro).

O que se espera na prática, é que existam nos próximos anos diversos ajustes, no ritmo de implantação, nos investimentos, e na magnitude dos programas de integridade, de governança corporativa, de “compliance” e de sustentabilidade, o que pode ser positivo (ainda que isso talvez surpreenda a muita gente) para quem seguir com essa consciência e estratégia, pois são as empresas mais sustentáveis e íntegras que crescerão mais (de forma constante e de fato sustentável), e ganharão mais dinheiro – por estarem “do lado certo” da história e da estratégia corporativa.

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR DE: