Quem acompanha estes artigos desde o início sabe que falamos muito sobre diversidade, todas as empresas que ambicionam ser um player de sucesso priorizam a multiplicidade, as empresas públicas e privadas têm agora um setor dedicado a tornar o local de trabalho mais diversificado.
Apesar de ser um tema amplamente discutido, como o sexo, que muitas pessoas falam sobre, mas poucos sabem fazer. O erro crasso das lideranças que tentam implantar a diversidade em suas empresas é, querer que aquele(a) que está sendo incluído se adapte, que conforme aos quadros e limites da empresa, sendo que o objetivo deveria ser a expansão de tais limites.
É muito comum vermos empresas exigindo que mulheres se comportem como homens, que negros se comportem como brancos e homossexuais se comportem como héteros; agir desta maneira é pior do que não se não tivessem buscado a diversidade.
É muito provável que neste momento você esteja perplexo(a), se perguntando, então é melhor que não seja iniciado um trabalho de diversidade e inclusão nas empresas que, iniciar com alguns erros. É uma escolha difícil, contudo conhecendo a história de sofrimento das minorias, os efeitos que um processo seletivo ou a implementação que projetos de diversidades mal planejado podem causar às populações marginalizadas são nefastos, talvez fosse melhor não fazer a fazer mal feito, na dúvida contrate um(a) especialista no tema.
Há muito tempo as ditas minorias vêm sendo discriminadas de todos os âmbitos sociais, sendo o emprego uma das mais recentes e graves manifestações de exclusão, soma-se que um terço de nossas vidas passamos dentro do ambiente de trabalho.
As principais discriminações começam na falta de afeto paterno, no médico que não toca às gestantes negras no pré-natal, na falta de alimentos adequados, na violência obstétrica, e isso continua na creche, depois na escola, nos relacionamentos sociais e amorosos, até finalmente culminar nas relações de trabalho, onde novamente o sujeito é rejeitado.
Deste modo, por que ser mais uma pedra de tropeço, por que sortear a vida e saúde mental de uma pessoa já vulnerável? Perguntas básicas como estas deveriam ser as primeiras a passar pela cabeça daqueles que se propõem a fazer um trabalho de diversidade em suas empresas.
Em algumas empresas com os quais trabalhei, percebi que foi somente após inúmeras tentativas frustradas dos executivos que eles decidiram contratar uma consultoria especializada. Isso exemplifica o pouco apreço com o tema, em poucas palavras: ninguém ousaria construir um prédio aproveitando-se de um especialista em marketing da própria equipe para escolher onde será edificada todas as colunas, decidir quanto de cimento é necessário requer um profissional especializado. Por isso sempre que forem iniciar um processo de inclusão e diversidade, contratem um(a) especialista na área.
É necessário ter extrema cautela ao lidar com o trabalho de diversidade; estamos lidando com vidas, sentimentos e expectativas de pessoas que já estão desiludidas e que, ao receberem uma chance a agarram com todas as forças, muitas vezes estas pessoas são empurradas para fora da empresa por pessoas que, talvez não por maldade, mas por negligência, imprudência e/ou imperícia tornaram-se mais um algoz daqueles que já estão desiludidos, atropelados pelo racismo, sexismo e homofobia.
As ditas minorias já estão fartas de serem usadas de laboratórios, experimentos para a elite, para os(as) diretores(as) de empresa que ao invés de contratar ou treinar seus líderes para o trabalho com a diversidade, destroçam centenas de vidas dando a gestão da pauta da diversidade para pessoas não capacitadas. É preciso olhar para a temática com o respeito que ela merece, senão serão centenas de vidas negras, femininas, LGBTQIAP+ desperdiçadas.
Quem confiaria uma cirurgia cerebral a um dermatologista, a condução de um avião a um político, da mesma forma não podemos indicar um funcionário de comunicação para cuidar da área da diversidade. A implementação e gestão da área de diversidade deve ser administrada por alguém com que tenha as qualificações necessárias, sub pena de além do fracasso, estarmos literalmente matando seres humanos.
Existem relatos de pessoas que se suicidaram no meio do projeto de inclusão e diversidade de escritórios de advocacia e também em universidades, isso nos revela a dimensão do trabalho que estamos falando. Muitos(as) executivos(as) de empresas tratam o tema como se fosse um simples projeto de recrutamento e seleção, mas não é, posso lhes garantir que é uma das áreas mais sensíveis de se trabalhar em qualquer organização pública ou privada.
Reunir profissionais de diversas etnias, regiões, orientações sexuais e religiosas para trabalharem juntos é, no mínimo, muito desafiador, um projeto extraordinário, com resultados inimagináveis, por isso mesmo é um projeto muito difícil de se fazer, centenas de empresas tentam implantar a diversidade todos os dias, somente um quinto delas obtêm sucesso, a sua empresa pode ser uma destas pouquíssimas que conseguem obter sucesso, mas para isso acontecer será preciso investir, investir tempo, investir recursos financeiros, empenho e muita dedicação para obter o biscoito fino que a diversidade pode te trazer.
