Inteligência Artificial e o Advogado In-house: use a IA a seu favor e consolide-se como Advogado 5.0

Esta coluna foi criada com o objetivo de instigar, questionar e auxiliar o advogado in-house 5.0.

As mudanças tecnológicas, especialmente a inteligência artificial, vêm transformando a atuação dos advogados in-house e a estrutura dos Jurídicos internos e por isso esta foi o tema escolhido para o primeiro texto da Coluna

Pessoalmente, acredito que a profissão do advogado, como a conhecemos hoje, deixará de existir, dando lugar a um novo perfil profissional: o Advogado 5.0 consolidado (quem sabe, no futuro, surja o Advogado 6.0?). Diante desse cenário, o que podemos fazer? A resposta é simples: usar a IA como aliada. Ela não é inimiga, mas sim uma ferramenta poderosa que pode nos ajudar a destacar-nos em um mercado gigantesco (no Brasil, somos aproximadamente 1,4 milhão de advogados).

Qual é o caminho? Com base na minha experiência, destaco três pontos que podem ajudá-lo a utilizar a IA a seu favor, tornando-se efetivamente um advogado 5.0 e agregando valor ao negócio.

1. Entenda a Empresa

Algumas perguntas-chave para avaliar o grau de inovação da empresa:

  • A organização utiliza ou busca adotar bases de uma EXO (Organização Exponencial[1])?
  • Há áreas especializadas na gestão de dados corporativos?
  • Existe um setor de inovação?
  • As demais áreas da empresa estão automatizadas e utilizam sistemas com IA?
  • A empresa possui programas de governança de dados e de IA?

Se a maioria das respostas for “sim”, a empresa está fortemente direcionada à inovação, e o departamento jurídico precisa acompanhar essa evolução. Se a maioria for “não”, então é hora de quebrar paradigmas e transformar o jurídico na área inovadora da companhia.

Caso sua empresa tenha um setor de dados, converse com essa equipe para entender quais informações podem ser cruzadas com os dados jurídicos e como isso pode agregar conhecimento e valor ao negócio.

Um exemplo prático: após uma conversa com a área de dados, realizamos um estudo sobre uma campanha de marketing para o produto Y. Cruzamos informações da área de SAC (questionamentos/custos para a empresa) com dados jurídicos (PROCON, processos judiciais/custos para a empresa) e analisamos o impacto das vendas após a campanha. O resultado foi um cálculo preciso do real ganho da ação de marketing. Imagine apresentar esses dados aos C-levels da empresa! Com essa abordagem, o jurídico não apenas alerta sobre riscos, mas fornece uma análise baseada em dados concretos.

E um questionamento: quantos advogados já realizam esses estudos de dados de forma automatizada? Já pensou em obter esses insights mensalmente, apenas apertando um botão? Aqui está a IA atuando a seu favor!

2. Jurídico Atualizado e Conectado

É fundamental que toda a equipe jurídica se mantenha atualizada sobre as mudanças tecnológicas e conectada à empresa para compreender quais funções deixarão de existir e quais serão necessárias no futuro.

As transformações tecnológicas representam um desafio para advogados, que muitas vezes precisam mudar seu mindset para adotar novas ferramentas e processos mais ágeis e criativos. Além disso, devem garantir entregas rápidas sem comprometer os mais altos padrões de conformidade.

O líder de um Jurídico 5.0 deve conhecer bem seu time: identificar aqueles que possuem maior facilidade com novas tecnologias e inovação, assim como aqueles que têm resistência. O objetivo não é julgar, mas trazer todos para o mesmo nível. Inclusive, profissionais mais reticentes podem oferecer um senso crítico valioso para a adoção das ferramentas certas e de maneira eficiente.

No mundo da IA, o advogado precisará ser hábil na formulação de perguntas corretas para as ferramentas de IA – um perfil que chamo de “advogado prompteiro”. Esse profissional deve ter conhecimentos sólidos de lógica, concatenar ideias e redação clara e precisa. Por isso, recomendo que líderes incentivem a leitura de textos e podcasts não apenas jurídicos, mas também voltados para negócios e inovação.

3. Soft Skills

Por fim, um aspecto essencial – válido para todas as profissões – são os soft skills, habilidades exclusivamente humanas que diferenciam os advogados das IAs. Afinal, somos nós que criamos relações reais.

Alguns dos soft skills que considero fundamentais para advogados 5.0 no mundo da IA:

  • Pensamento crítico
  • Adaptabilidade
  • Criatividade
  • Inteligência emocional

São essas competências que permitirão que os advogados se adaptem às mudanças de forma ágil e eficaz, mantendo resiliência emocional, empatia e habilidades sociais para superar os desafios da transformação tecnológica. Com isso, continuarão sendo essenciais para o sucesso do negócio.

Portanto, não tema a mudança, a tecnologia e, sobretudo, a Inteligência Artificial! Use seus soft skills e sua habilidade de questionar para consolidar-se como um advogado 5.0 – inovador, tecnológico e humano – agregando valor ao departamento jurídico e à empresa.


[1] 1 Para maiores informações recomendo a leitura do livro Organizações Exponenciais de Salim Ismail

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