O universo corporativo é tão dinâmico que as próprias tendências e os temas principais que lhe afetam constantemente amadurecem, e evoluem, buscando permanentemente sua maior eficiência.
Empreendedores bem sabem, que precisam melhorar sempre, e percebem que essa melhoria precisa ser sustentável e integral, ou seja, não bastam poucas ou pequenas iniciativas esparsas/isoladas, e nem passageiras. Essas questões precisam estar efetivamente integradas à estratégia do negócio.
Organizações mais valiosas, rentáveis e lucrativas precisam ser efetivamente melhores, “em tudo” e de forma evolutiva – em produtos, serviços, pessoas, cultura, tecnologia, gestão, estratégias, propósito, escolhas, decisões, práticas e assim por diante, valorizando todos os “stakeholders” (e, ainda, os “no holders”).
A melhoria precisa ser de fato contínua, evolutiva, sustentável, estratégica e permanente!
Naturalmente, a pauta E-ESG segue a mesma lógica, e estando intimamente ligada à estratégia corporativa, também demanda, e inclui, evolução e melhoria constantes – até mesmo por conta do aprendizado que organizações, empreendedores, investidores, gestores, e sociedade experimentam com o passar do tempo.
Sabemos que o tema não é novo, e que com diferentes roupagens e denominações já acompanha as organizações e a sociedade como um todo há bastante tempo; já tendo sido chamado, por exemplo, de responsabilidade socioambiental corporativa e de diversas outras denominações.
E precisamos considerar, também, que assim como a Governança Corporativa, e em certa medida o “Compliance” (que são ferramentas fundamentais para o fortalecimento das organizações, através de programas que auxiliem em sua rentabilidade e valorização, com ampliação de eficiência, à medida que tornam mais firmes compromissos com ética, valores, integridade, propósito, fluxos e procedimentos melhores, transparência, controles, responsabilização, sustentabilidade etc.) contemplam melhoria e evolução permanentes – de forma que seus impactos e o próprio amadurecimento das organizações seguem a mesma lógica; é natural que o E-ESG mude.
Adicionemos a todo esse contexto que, “no início”, muitos agentes demoraram a entender a importância estratégica da sustentabilidade corporativa plena, até por confundir, em alguns casos, com modismo, oportunidades de “esgwashing”, custos, oportunidades ariscadas de “marketing forçado”, e assim por diante. E houve, também, uma perigosa e equivocada relação com ideologias e até com “partidarização” em alguns países.
A evolução era, portanto, esperada e devemos aplaudir, pois os mercados e as organizações foram “aprendendo”, assim como a própria força de trabalho, os clientes, os financiadores, e até mesmo os governos e agências reguladoras – todos foram aprendendo sobre o tema e sobre sua maneira de interagir com a questão. Muitos papéis dos diferentes agentes não estavam claros para todas as pessoas, e houve acertos e enganos nesse tema.
E tivemos, também, “pautas” do E-ESG que foram “atropelando” outras como as de transição energética, transformações climáticas, igualdade entre as pessoas, e tantas outras – que também alternaram seu impacto econômico nos planejamentos das organizações.
Temos de fato observado evolução e amadurecimento, pois o que pode ser “inovador”, “revolucionário”, “prioritário’ e “desafiador” em um momento, na etapa seguinte (se o programa for bem implementado) já terá sido equacionado, “dando lugar” a novas questões. Os “subtemas” vão mesmo mudando.
Em outras palavras, o E-ESG vem evoluindo, e em certa medida ajustando a forma como as organizações o adotam em suas estratégias e rotinas, pois todos vão “se acostumando” a melhorar processos, parcerias, equipes, sistemas, escolhas, decisões e práticas.
De outro lado, consideremos, ainda, que o ritmo e a magnitude dos ciclos e das pautas internas também mudam bastante, pois as evoluções não são lineares – o que pode ser muito inovador e desafiador para algumas organizações, pode não ser para outras, e “gargalos” ou “obstáculos” em algumas podem não existir em outras, por diversas razões.
A experiência mostra que por vezes se imagina que uma questão seja rapidamente abraçada e a realidade “corrigida”, mas na prática surgem desafios e a questão demora bem mais tempo do que se estimava, e o contrário também ocorre com muita frequência.
Na mesma linha, o ritmo com que se consegue equacionar algumas questões difere do ritmo de outras (e nem mesmo por uma questão de financiamento ou orçamento, pois outros fatores e recursos integram as equações), bem como de unidade para unidade, mercado a mercado, segmento a segmento etc.. Além de inversões de realidades e de demandas.
Quando há alguns anos o tema “cresceu”, popularizou-se, ganhou espaço “na mídia”, na academia, em todos os encontros de negócios, e tornou-se a principal pauta corporativa da atualidade, as organizações (ou, ao menos, “boa parte” delas) passaram a avaliar e a mapear a sua realidade específica e individual, identificando estrategicamente, onde, como, a que custo, e em que velocidade avançar em cada pilar da questão. Essa fase, na maioria dos casos, “já passou”.
Ninguém pode, responsavelmente, ignorar a pauta E-ESG e a sua importância estratégica, bem como a sua relação com a valorização e a lucratividade das organizações, mas “no detalhe”, as particularidades e a forma como lidar com a questão variam bastante. E evoluem, e amadurecem, como já comentamos.
Vimos nesse processo que, por diversas razões, desde o “início”, que as realidades eram (e são) muito diferentes, mesmo em segmentos que se julgavam iguais; por vezes até mesmo dentro do mesmo grupo econômico e/ou empresa, a depender, por exemplo, da localização de cada unidade, do contexto social e ambiental que mais se apresenta, do seu ambiente social e ambiental etc. E nessa realidade os ajustes foram (e continuam sendo) muitos.
Por conta dessa grande disparidade (como mencionado, até mesmo dentro da mesma empresa a depender da unidade), sempre se recomenda que cada organização encontre o seu diagnóstico (e o atualize periodicamente!), alinhe o tema com o seu propósito, sua “fotografia”, o seu compromisso com uma estratégia de negócios que lhe ajude efetivamente a lucrar e a valer mais, por ser continuamente melhor; e que considere a evolução com o tempo.
Alguns segmentos são mais rápidos do que outros, mais dinâmicos do que outros, além das terem fontes de financiamento distintas (e apoios até mesmo governamentais), assim como tecnologias vão surgindo, impactando complexidades distintas, além de pressões que aumentam “aqui e ali”. Ou seja, os temas precisam ser mesmo revisitados e atualizados constantemente, e a realidade tem mostrado que “fórmulas prontas e padrão” não funcionam.
Os comitês internos E-ESG, especialmente quando contam com membros de diversas áreas, e também com convidados independentes/externos, funcionam muito bem e ajudam a identificar prioridades, contextualizar recursos e planejamentos etc., sendo apoiados, na maioria dos casos por equipes ligadas ao departamento jurídico, à governança corporativa, ao compliance e ao de recursos humanos (podendo haver mais integrantes a depender da realidade de cada organização). E também eles tem amadurecido e evoluído.
Atualmente, e com grande satisfação, já se percebe que o E-ESG vem mudando bastante em algumas organizações, que já empreenderam esforços importantes em alguns aspectos do tema, por vezes criando até mesmo áreas, departamentos e iniciativas específicas – já tendo “caminhado” um bom percurso.
Tem sido frequente lermos na “imprensa” que esta ou aquela organização já estaria “abandonando” certos temas e pautas, ou que já estaria alterando prioridades, e ainda fechando áreas, departamentos e programas.
Não devemos generalizar, pois as organizações são necessariamente individuais e distintas, sofrendo todo tipo de impacto como mudança de cenário, de grupo controlador, de contexto competitivo, cobrança de colaboradores, de parceiros, de investidores etc., mas em sua maioria os ajustes são positivos, esperados e bem-vindos.
Além do tema ser evolutivo, já mencionamos que se bem implementados, os programas costumam “ir melhorando” as realidades das organizações, e as demandas “de ontem” terão sido equacionadas, metas alcançadas, e os desafios ajustados, para permitirem novas frentes estratégicas. E em algumas organizações o que “antes” era revolucionário e demandava uma nova área específica, com o tempo tornou-se tão natural que foi absorvido pela governança corporativa mais robusta.
Vemos, portanto, um cenário bastante positivo, e uma evolução natural, que em geral demonstra o amadurecimento dos mercados e das organizações, que ajustam prioridades e desafios, implementam estratégicas, alocam recursos etc., na mais profunda seleção natural – e cada uma vai aprendendo o “seu jeito” de lidar com a sustentabilidade.
Algumas organizações, setores e segmentos estão inclusive, sendo tão impactados por mudanças de hábitos, movimentos tecnológicos, pressões econômicas e geopolíticas, reestruturações corporativas, preferências dos consumidores/clientes, práticas sociais e de consumo, demandas etc. que até mesmo têm migrado para outros modelos de negócios – com profundos ajustes de estratégia. Ou seja, o mundo muda “o tempo todo”, e assim também os mercados, as organizações e a forma de assimilarem as tendências do momento.
A busca pela sustentabilidade econômica/empresarial, que passa pelo amadurecimento, pelo fortalecimento, e pela evolução, da governança corporativa, do compliance, da cultura e dos próprios produtos, serviços, processos e estratégias é permanente. E os ajustes são naturais e esperado.
Esses movimentos são ótimos, esperados e muito positivos. Sigamos trabalhando por empresas mais rentáveis, valiosas, sustentáveis e melhores – e acompanhando essa evolução transformadora