Cuidar de pessoas não pode ser apenas responsabilidade do RH
Parece óbvio dizer, mas ainda faltam alguns degraus de evolução, no mundo corporativo, para que líderes aprendam a gerir, verdadeiramente, as pessoas. A máxima de que negócios e pessoas andam de mãos dadas e que sem elas é impossível prosperar, já vem sendo cada vez mais explorada em diversos setores, mas o famoso walk the talk parece distante em algumas organizações. E por que será que é tão difícil lidar com este tema?
Ainda é preciso muito esforço dos RH´s para que “pessoas” seja um assunto de todos nas empresas. Cuidar de gente não é tarefa simples, mas não pode ser apenas responsabilidade do RH. É preciso que líderes e Recursos Humanos caminhem juntos, como parceiros estratégicos e com visões complementares, para o fortalecimento da estratégia de pessoas e cultura organizacional.
Como profissional de RH, sei o quanto ainda precisamos evoluir para que o “H” de Humanos prevaleça nas nossas interações. Além disso, é preciso fazer este tema ganhar cada vez mais força e respeito nos boards para que passem a valorizar tanto quanto números e resultados. Verdade seja dita: todos nós, gestores, precisamos evoluir, e há uma escassez de líderes que, de fato, consigam atribuir o mesmo peso ao trabalho quanto às pessoas. Embora, em tese, seja algo inseparável.
Em pleno século XXI, é mais do que necessário trazermos à tona os afamados soft skills do mundo corporativo. Empatia, respeito, inclusão, bem-estar e humanização nunca foram termos tão ditos e solicitados. Evoluirmos nosso papel nas organizações, amadurecermos nossa postura como gestores e sermos também embaixadores do respeito, acolhimento e das boas relações é ponto pacífico.
Nestes 15 anos acompanhando líderes, vejo os que mais prosperam neste papel são aqueles que conseguem ser genuínos em suas relações e comunicação, que priorizam os times, reconhecem esforços, dão feedback, ouvem com atenção, veem valor em jogar junto, querem o bem das pessoas, aceitam erros e criam um ambiente seguro e de parceria. É impossível falar de humanização sem ter a liderança engajada e envolvida genuinamente neste propósito. É preciso que voltemos ao básico e valorizemos aqueles que são e que estão fazendo a diferença por e pelas pessoas. Tem muito gestor com boa intenção, mas que falha na ação. As organizações precisam de equilíbrio e de pessoas que tornem o ambiente e o trabalho melhores.
E difícil falar de pessoas, eu sei. É complexo, dá trabalho e não pode ser terceirizado, pois exige sempre muito mais de nós. E o mundo, às vezes, nos ensina pouco sobre nós mesmos, nossos comportamentos e como lidar com eles. É preciso avançar e exigir cada vez mais que os gestores busquem pelo autoconhecimento, comunicação positiva, felicidade, escuta ativa e que criem espaço de confiança, abertura e humildade com o time, para que, acima de tudo, possam ser vulneráveis e verdadeiros.