Sucessão e institucionalização de marcas no Direito

A busca por resultados imediatos e, consequentemente, a visão de curto prazo por grande parte dos escritórios de advocacia fazem com que pouquíssimos elaborem e orientem-se por planejamentos. Esta tônica é observada mesmo entre muitas sociedades reconhecidas, que se tornaram referências geralmente por conta da atuação e diferenciais de alguns de seus profissionais. É ainda bastante comum que essas organizações não considerem que essas pessoas não estarão ali para sempre. Ocorre que, quando não se fizerem mais presentes, levarão consigo características que, em maior ou menor grau, sustentavam a instituição. Posto isto, como escritórios podem incorporar as qualidades de seus líderes reconhecidos, e garantir a seus stakeholders que seus diferenciais permanecerão presentes na prática e na organização do escritório ao longo do tempo?

Se não planejada, a sucessão de um líder pode causar abalos internos extremamente sérios e difíceis de reverter. Já para o mercado, gera  temores quanto aos rumos que a organização tomará, o que sempre impacta a continuidade dos serviços.

Em alguma medida, os diferenciais daquele(a) líder permanecerão ali, já que foram transmitidos aos que com ele(a) trabalharam de maneira mais direta – e por ele(a) foram influenciados pessoal e profissionalmente. Mas, apenas isso não garante a todo o público interno e ao mercado que o escritório continuará seguindo seu modelo e se incorporou os atributos daquele(a) que, até há pouco, marcava fortemente a distinção do escritório.

Essa dúvida, se não for de pronto esclarecida, afetará a retenção e a atração de profissionais, e a perenidade do negócio. O fator sucessão, crucial para empresas de qualquer segmento, talvez seja mais impactante no Direito, por conta da natureza da atividade jurídica, que põe diariamente à prova – e em evidência – o nível do conhecimento técnico, a qualidade do atendimento, princípios e valores, essencialmente. Essas características são fortemente marcadas e observadas no líder.

A incorporação dos diferenciais daqueles que distinguem uma sociedade de advogados e a comunicação ao mercado de que isto é buscado continuamente e de forma planejada são os objetivos tanto de planos de sucessão quanto de institucionalização de marcas. Infelizmente, como demais planejamentos estratégicos, acabam sendo, na maioria expressiva dos escritórios de advocacia, postergados, com o que muitos dos que são hoje referências poderão deixar de sê-lo.

O planejamento sucessório busca a preparação da sociedade para o momento em que seus líderes transmitirão o comando. Sua concepção e execução não podem ser planejadas apenas quando da proximidade da aposentadoria daqueles que comandam a instituição ou por qualquer outra razão ou fatalidade. São trabalhos que demandam tempo para garantir que a mudança de liderança não comprometerá o funcionamento e a continuidade do escritório.

Paralelamente ao plano sucessório e tão importante quanto ele, um programa de institucionalização de marca evidenciará ao mercado atributos que caracterizam uma sociedade. Isto ocorre a partir de planejamento e execução de um trabalho interno voltado, dentre outros, à incorporação dos conhecimentos e diferenciais que têm caracterizado a organização, promovendo o engajamento essencial para que tais atributos sejam reconhecidos de forma homogênea entre seus profissionais e na gestão do escritório.

Particularmente quando traçados e executados juntamente com programas sucessórios, planos de institucionalização devem evidenciar perante os diferentes públicos que a sociedade não mudará a forma como atua pela ausência de um líder, já que seus diferenciais são características próprias da marca e, consequentemente, de todos que a representam.

A perenidade de um negócio demanda planejamento. Em um escritório de advocacia, esta busca está intrinsecamente vinculada à multiplicação de características pessoais de distinção, garantindo a longevidade do reconhecimento, para além das marcas individuais..  A atenção demasiada de escritórios em atividades do presente não deve obstruir a busca de estratégias que garantam sua existência ao longo do tempo. Sem isso, as conquistas que proporcionam resultados hoje podem não mais existir no futuro.  

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