Em um cenário onde as tecnologias emergentes avançam rapidamente, inquestionável o quão necessário e saber desfrutar plena e seguramente das soluções que por elas são oferecidas, sobretudo porque, sem um direcionamento adequado, corre-se o risco de subestimar o potencial dessas inovações, colocando em xeque não apenas a eficiência operacional, mas também a integridade de dados e informações. Como, então, otimizar a interação de funcionários com o ambiente digital para garantir um desempenho seguro e produtivo?
Um conceito que surge para enfrentar esses desafios é o Digital Employee Experience (DEX), que basicamente representa a forma como os colaboradores interagem com o ambiente digital das empresas, abrangendo as tecnologias e ferramentas que utilizam no dia a dia para executar suas tarefas, uma experiência que impacta diretamente no engajamento, eficiência e segurança no uso desses recursos, influenciando não apenas os resultados internos, mas também a própria percepção externa da organização.
Diferente do que pensam alguns, uma estratégia eficiente de DEX vai muito além do fornecimento de recursos tecnológicos. Ela exige a garantia de que sejam intuitivos, integrados, alinhados às necessidades dos funcionários, aos objetivos estratégicos do negócio e, claro, utilizados de forma segura.
Uma experiência digital bem estruturada não apenas melhora a produtividade, mas também promove a retenção de talentos, fortalece a sinergia entre equipes com fluxos de trabalho mais integrados, permitindo ainda às empresas um maior controle sobre a segurança de dados, informações e conformidade com regulamentações.
O uso da inteligência artificial (IA) é um exemplo prático de como o DEX pode transformar o ambiente de trabalho, especialmente quando aliado a uma governança de IA bem estruturada.
É notório o quanto a IA já vem sendo amplamente utilizada para otimizar processos e personalizar experiências em diversos setores, trazendo impactos significativos em produtividade, eficiência e tomada de decisão. No setor jurídico, por exemplo, ferramentas de IA são usadas para revisar contratos, identificar padrões em jurisprudências e até prever desfechos de processos judiciais, permitindo que os advogados concentrem seus esforços em atividades mais estratégicas.
Na área de educação, a IA tem transformado a maneira como alunos e professores interagem com o conhecimento. Plataformas adaptativas utilizam algoritmos para identificar as necessidades de cada estudante, personalizando conteúdos e ritmos de aprendizado. Professores também têm se beneficiado de ferramentas que automatizam tarefas administrativas, como correção de provas, permitindo que dediquem mais tempo à criação de experiências de ensino mais enriquecedoras.
No campo da saúde, não tem sido diferente. A IA tem revolucionado a realização de diagnósticos e tratamentos, ajudando a identificar doenças precocemente, propor terapias personalizadas e melhorar os resultados clínicos.
Em setores como o comércio e o varejo, a IA está no centro das estratégias de personalização, recomendando produtos com base no comportamento do cliente e melhorando a experiência de compra. Na indústria, a IA tem potencial para aprimorar a produção ao prever falhas em equipamentos, reduzir desperdícios e otimizar linhas de montagem. Além disso, modelos preditivos ajudam a planejar cadeias de suprimentos com maior precisão, reduzindo atrasos e custos operacionais.
Sua presença no setor financeiro tem sido igualmente marcante, contribuindo significativamente na análise de riscos, na detecção de fraudes e com a experiência do cliente. Chatbots sofisticados esclarecem dúvidas, enquanto algoritmos analisam grandes volumes de dados para prever tendências de mercado, apoiar investidores e até mesmo personalizar ofertas de produtos e serviços.
Como é possível observar, independentemente do setor, a IA tem desempenhado um papel muito relevante, mas para que esses avanços sejam sustentáveis e seguros, sua utilização precisa ser guiada por uma governança de IA sólida, que assegure transparência, proteção de dados e supervisão contínua, permitindo assim que seus benefícios sejam amplamente aproveitados sem comprometer a ética e a confiança.
Por exemplo, não há que se falar em experiência digital positiva se os funcionários não forem devidamente capacitados sobre como operar as ferramentas com eficiência e de acordo com diretrizes para o uso ético, transparente e seguro da IA, o que aliás, precisam ser diligentemente estabelecidas pela empresa por meio de uma Política de Governança de IA que preverá, entre outras coisas, boas práticas e procedimentos a serem adotados, além de medidas de cybersecurity específicas.
Ou seja, se de um lado se tem ferramentas integradas e inteligentes que aumentam a produtividade, reduzem erros e otimizam processos, de outro, é fundamental que se tenha uma governança que proteja a organização contra riscos éticos, regulatórios e de segurança para garantir um crescimento sustentável, com inovação responsável e resultados consistentes em um mercado cada vez mais competitivo.
Mas como avaliar a eficácia do DEX? Indicadores-chave de desempenho (KPIs) são um dos caminhos para se obter insights sobre a satisfação e produtividade dos colaboradores, medindo inclusive a probabilidade de recomendarem a empresa como um bom local para se trabalhar. Da mesma forma, a avaliação de engajamento dos funcionários por meio de feedbacks regulares que permitam compreender como têm se dado suas interações com os recursos fornecidos representa, além de excelente indicador de resultado, um excelente meio de identificar áreas de melhoria e ajustes estratégicos para aprimoramento do DEX.
E por fim, como o reconhecimento é o que nos faz acreditar que todos os esforços valeram a pena e a marca para uma empresa é o mesmo que a reputação para uma pessoa, vale esclarecer que o DEX está diretamente ligado ao Employer Branding. Enquanto o Digital Employee Experience foca nas interações dos colaboradores com as ferramentas digitais da empresa, proporcionando uma experiência de trabalho eficiente e satisfatória, o Employer Branding refere-se à sua reputação como empregadora no mercado; ou seja, uma experiência digital positiva fortalece o Employer Branding, atraindo novos talentos e melhorando a imagem da organização.