IA na rotina jurídica: como transformar potencial em vantagem competitiva 

O mercado jurídico vive um momento raro. Depois do impacto dos modelos generativos no fim de 2022 a advocacia deixou de ver a IA como ameaça e passou a encará-la como uma aliada.  

Na edição 2024 do Future of Professionals, 95% dos profissionais no Brasil afirmaram perceber a IA como uma força do bem. Esse avanço de percepção é relevante, mas não basta. Converter interesse em benefício concreto exige método, dados confiáveis, escolhas tecnológicas adequadas, governança e liderança. 

A pesquisa do Future of Professionals deste ano publicou a “pirâmide do sucesso” em IA. O ponto de partida é ter uma estratégia clara: definir onde se quer chegar com o uso da tecnologia, seja em um escritório individual, seja em grandes organizações.  

Os dados indicam que quem estabelece objetivos tem muito mais chance de capturar benefícios e aumentar receita. A liderança tem papel determinante nesse processo. Não se trata de dominar tecnicamente cada detalhe, mas de adotar uma postura aberta, usar a ferramenta, dar o exemplo e sustentar uma cultura que favoreça a mudança. 

IA é meio, não fim 

Nada disso funciona sem base de dados sólida. IA é meio, não fim. Em um ambiente regulatório que publica dezenas de normas por dia, trabalhar com conteúdo desatualizado ou  sem curadoria apenas acelera erros.  

Organizar e versionar modelos, teses, cláusulas e referências, separar o que deve ser expurgado e manter taxonomias coerentes são condições para reduzir retrabalho e risco. Serviços de atualização contínua e curadoria especializada ajudam a garantir aderência ao que muda na legislação e na jurisprudência. 

A especialização jurídica das ferramentas também faz diferença. Modelos com design e treinamento voltados ao Direito apresentam melhor linguagem, estrutura argumentativa mais adequada e maior capacidade de ancorar respostas em fontes verificáveis.  

Isso reduz a necessidade de refação e encurta o ciclo de revisão. Em um campo em que “alucinações” podem gerar citações a leis ou precedentes inexistentes, diminuir a propensão ao erro não é um luxo; é uma forma de mitigar riscos. 

Segurança como pilar  

Segurança de dados e compliance constituem outro eixo central. A natureza da atuação jurídica envolve confidencialidade e estratégia. É essencial adotar políticas claras sobre o que pode ser compartilhado com ferramentas, em que condições anonimizar informações, quais repositórios são permitidos e quem audita o uso.  

A observância à LGPD e, quando pertinente, ao GDPR, precisa estar no desenho do projeto desde o início, assim como a atenção aos debates sobre direitos autorais no treinamento de modelos.  

Preferir soluções que isolam dados e respeitam licenças reduz exposições desnecessárias. Nesse contexto, o CoCounsel Core, solução de IA Generativa da Thomson Reuters, se destaca. Ela será lançada em breve no Brasil com as certificações ISO 27001 e ISO 42001, sendo a única ferramenta do mercado com esse nível de segurança. Isso demonstra um alinhamento com as melhores práticas globais de gestão de IA. 

Há também um componente econômico que não pode ser subestimado. Modelos de linguagem cobram por uso, e a manutenção de integrações, atualizações e treinamento contínuo tem custo relevante. Na prática, criar e sustentar um modelo proprietário tende a ser caro e pouco eficiente, especialmente em áreas que mudam diariamente.  

É mais racional adotar ferramentas especializadas conectadas a bases confiáveis e concentrar investimento naquilo que diferencia cada organização: processos, relacionamento e estratégia. 

Cultura e pessoas 

A adoção sustentada passa por cultura, aprendizado e mensuração. Ambientes que acolhem experimentação responsável e compartilhamento de conhecimento aceleram a curva de maturidade. Treinamentos combinados com prática são mais efetivos do que capacitações apenas teóricas, e manter um repositório de prompts e casos de uso que funcionaram ajuda a escalar o aprendizado.  

Para começar de forma pragmática, vale estabelecer políticas de uso e de dados, fazer um inventário da base interna e saneá-la, escolher casos de alto impacto e baixo risco para pilotos, combinar IA especializada com automações quando fizer sentido e garantir que a liderança participe ativamente, acompanhando indicadores e reconhecendo conquistas. A evolução ocorre em ciclos curtos, com ajustes contínuos. 

A IA não substitui o profissional do Direito. Ela amplia a capacidade de quem a usa com critério. Ao liberar tempo das tarefas mais mecânicas, devolve espaço para o que é insubstituível: estratégia, julgamento e empatia. O desafio está em transformar curiosidade em processo e potencial em benefício comprovado. 

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